quarta-feira, 1 de setembro de 2010

TEMA DE DEBATE NO CONGRESSO INTERNACIONAL DE SHOPPINGS - DO HOMO SAPIENS À GERAÇÃO Z - A NOVÍSSIMA GERAÇÃO E SEU IMPACTO NO MUNDO DOS SHOPPINGS

Nos meus 55 anos, conflito de gerações é um tema que permeia a minha vida, desde a minha tenra infância.

Minha avó assistia televisão lá pelos anos 60 negando com a cabeça o que via no Repórter Esso junto com seus 13 netos. “Pobres filhos”, dizia ela em italiano castiço com sua autoridade de mais de 100 quilos distribuídos por um sofá generoso em espaço e conforto.  Autoridade na acepção do termo. Naquela época o conflito de gerações existia, mas era muito fácil de ser administrado. Havia leis inexpugnáveis de comportamento que, se não cumpridas geravam punições incondicionais. Os almoços na casa da minha “nona” eram silenciosos como nunca se veria hoje em dia. A lei: se algum dos 13 netos falasse durante o almoço, nada de cinema à tarde. Todo mundo teria que ir dormir. Se alguém abrisse a boca durante o Repórter Esso, ninguém assistiria ao Patrulheiros Toddy que vinha logo a seguir.  Era lei. E ninguém ousava desobedecer. Na verdade, um primo meu tentava. Mas o poder estava do lado da geração mais velha. A obediência aos mais velhos era lei. E ela se reproduzia nos outros mundos. A obediência aos professores, que se impunham até pela palmatória, aos chefes que se não usavam a palmatória tinham a ameaça da demissão como força. Tempos modernos, filme memorável do Charles Chaplin, descreve muito bem essa situação. Alguém manda, eu obedeço. Aliás, o ditado manda quem pode, obedece quem tem juízo era a voz corrente.

Minhas primeiras investidas profissionais tentando construir coisas diferentes nos ambientes de trabalho por onde passei me fizeram lembrar o santo do dia em que nasci: São Jorge. Qualquer tentativa de mudar o status quo era quase que lidar com dragões. O que vinha de volta era parecido com as labaredas. Frases como “Já tentamos e não deu certo” ou “Isso não funciona” felizmente nunca me fizeram desistir dos meus sonhos e das minhas convicções. Mas que era um parto construir qualquer mudança ah isso era.

O nome genérico conflito de gerações passou a ter castas. Não econômicas, mas cronológicas. Baby boomers nasceram de tal ano até tal ano. Eu que sou de 1955 sou dos novos baby boomers. Aí apareceram outras gerações. A Y, a X e a Z.

Nunca se estudou o conflito de gerações tão profundamente como agora. Estudar o comportamento de pessoas que nasceram em determinadas épocas do mundo passou a ser tema prioritário de quem quer vender ou empregar.

O motivo?

Nos ambientes familiares e de trabalho algo como o fim da obediência. Aliás, o começo da obediência reversa. Quem antes era obedecido agora tem que obedecer. Meninos mandam nos pais. Clientes mandam nas marcas. Varejo manda na indústria. Tudo ao contrário.

Nos relacionamentos, o fim da lealdade irrestrita e incondicional. A promiscuidade tomando o lugar da fidelidade. Quem afinal, com tanta oferta de produtos, serviços e relacionamentos se dispõe a ficar comprando, convivendo ou trabalhando durante muito tempo com um só parceiro? Seja ele uma marca de quem se compre, um emprego que se tenha conquistado ou um mero namorado ou namorada de quem se tenha aproximado?

Talvez por isso a construção de uma marca forte, que gere resultados sustentáveis, seja cada vez mais difícil. Marcas competentes são construídas com:

  1. Conceitos e execução de negócios que ninguém copia, promessas e entrega que ninguém supera
  2. Equipe comprometida,  motivada, integrada, inovadora e que quer ficar um bom tempo trabalhando com a marca
  3. Clientes que não querem mudar de marca, a elogiam e até pagam a mais por isso

Tarefa difícil. Afinal o que mais serve para construir marcas diferenciadas é o mais difícil de se conseguir hoje em dia. Como fazer o que é necessário para durar muito e saudavelmente?

Importante então nos preocuparmos com o que vai acontecer com o consumidor. Hoje, amanhã e no futuro.

Já sabemos muitas coisas sobre a geração Y. Afinal essa é a geração mais presente nos shoppings hoje em dia.

Nasceram de 1980 até 1995. Não precisamente. Terão maior poder aquisitivo do que os seus pais em 2017. Eles são formadores de opinião - dentro de suas famílias e da sociedade. E já influenciam compras mais do que qualquer outra geração. Para eles falar de compras é igual a falar de tempo para gerações mais antigas. Como vai o tempo foi substituído por: o que você comprou ontem? 50% da geração Y já são adultos: têm casa, filhos.

A essência da geração Y é admiração pela tecnologia e confiança pelo que seus pais propiciaram. Inclusive poder morar com eles até muito mais tarde do que as gerações anteriores. O processo de aprendizado mudou, elevou-se a importância da inovação. São mais propensos a comprar sem verba e por impulso do que outras gerações, mas pesquisam muito, em todos os meios e ficam entediados com facilidade - com explicações, produtos, empregos, e em todas as relações.

A geração y é orientada pelo visual. Quer ter um envolvimento ativo não passivo de aprendizagem. É mais otimista sobre a economia do que qualquer outra geração. Considera que a hierarquia é irrelevante, o respeito deve ser conquistada.

Espera mais do que você pode entregar, quer soluções personalizadas. Está disposta a ser parte do processo e quer ser reconhecida. As empresas com sites lentos ou desatualizados não vão conseguir respeito dessa geração. Nem loja lenta. Nem produto lento. Nem processo lento. O novo é sempre melhor. 

Mas o mundo não vai parar aqui. A Abrasce quer conhecer mais sobre quem vai ser o consumidor do futuro. A geração Y já está velha. A geração Z, a que nasceu a partir de 1995 será o futuro. Mais importante do que ela é a nova geração Z. Esse pessoal que nasceu nos últimos anos. Nessa década. Sobre esta geração, que nasceu “downloadeada” de um site tipo www.baixabebe.com.br e não pelos processos normais que conhecemos: cegonha ou sexo a Abrasce fez uma pesquisa que será apresentada no Congresso Internacional.

Claro que sabemos coisas sobre esse pessoal. Sabemos que eles nasceram num mundo em que jogar papel no chão é pecado e deixar torneira aberta enquanto se escova os dentes pecado mortal. Sabemos que as escolhas que eles fazem e farão serão toques numa tela de algum iDispositivo qualquer que o Steve lançar. Sabemos que eles são muito mais upload do que download. Sabemos que eles vão levar a vida como num vídeo-game, se desafiando, passando de fase, perdendo vidas mas sabendo que podem começar de novo e o erro servirá de aprendizagem.

O que a pesquisa da Abrasce ajudará é a saber como esse pessoal vai querer comprar e ser atendido. Aí sim poderemos planejar os shoppings do futuro.

Nos encontramos no seminário internacional. Lá vamos ouvir especialista nesses baixinhos que vão influenciar tanto a nossa vida.

 

Posted via email from edsaiani's posterous

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