O mal do século
Mais do que a gripe ex-suína ou a crise do mercado financeiro o mal do século das organizações foi detectado numa pesquisa do Boston Medical Group, aquele que cuida da impotência, não o Boston Consulting Group: - -
- Quanto mais a organização cresce, mais o dono ou diretor de qualquer negócio tem dificuldade de saber o que acontece lá na ponta.
A coisa mais comum que acontece nas empresas é alguém lá perto do consumidor dizer: será que o homem lá em cima não tá vendo isso que tá acontecendo? A verdade é nua e crua: Não tá! Os donos e diretores de empresas não sabem o que acontece de verdade. Sabia quando a empresa era pequena e eles abriram a primeira lojinha e conheciam todos os funcionários pelo nome. Ou nas grandes organizações na época saudosa do start up. Todo mundo tem saudades do start up. Nos dois casos, fase boa: todo mundo sabia de tudo.
Antes era firma, depois virou corporação. Antes era empregado, depois virou colaborador. Na firma o dono sabia de tudo. Na corporação e em cada unidade de negócio é diferente. Negócios grandes, consciência pequena, intimidade zero.
Admitindo a doença
Uma vez, falando com o Michel Levy, criatura maravilhosa que era vp comercial da TIM eu disse que, pra um certo projeto dar certo, ele teria que fazer como o Moisés: abrir o Mar Vermelho que existe entre quem manda e quem atende o cliente. Não sei se a figura de linguagem é mar vermelho ou buraco negro ou depressão, mas que é isso que mata os negócios ah, isso é.
O cliente “sofre” todas as táticas e estratégias que as empresas ardilosamente planejam e executam.
O que o Cliente “sofre”, a ponta sabe, se indigna contra, mas os que acham que sabem não descem do seu pedestal para ouvir as verdades da organização. O grande e maior problema é que enquanto os problemas não se resolvem, o Cliente experimenta o que a empresa faz, e quando não gosta, cai fora.
Então vamos entender quem sabe o que: quem está na ponta sabe tudo. Quem está no meio sabe, mas na grande maioria das vezes, esconde de quem deveria saber e não toma as medidas para melhorar. E quem está na matriz muitas vezes prefere não saber. Afinal, quase tudo que tem que ser melhorado é coisa da matriz. E dá trabalho. Então fiquemos naquele me engana que eu gosto.
Os caras que estão em cima, que mandam, não se dão conta dessa história e acabam gastando o tempo em coisas irrelevantes para o negócio. E não vão ouvir os que sabem, fazem, pensam, poderiam ajudar, mas não o fazem porque muitas vezes não são chamados a opinar. Isso causa o que achei bom chamar de depressão empresarial.
Da depressão ao ânimo
Depressão na vida real é falta de sinapse entre os neurônios. Na empresa a depressão é a falta de comunicação entre duas baias. A companhia do futuro é aquela em que todos ouvem todos. Como? Ouvindo o do lado, que ouve o do lado, que ouve o do lado. Os caras hoje em dia, ao invés de levantar da cadeira, mandam sms pro do lado. Essa onda de sinapses recompostas na empresa ajuda a fazer todo mundo contribuir para que o outro se sinta no mínimo ouvido – o que já seria precioso em qualquer comunidade – até na família da gente. Mas o maior produto é que os problemas que estão acumulados vão se desfazendo, sumindo quase por milagre, só porque quem falou se aliviou e quem ouviu tomou consciência daquilo que o Cliente sofre.
Tá na hora das corporações pararem com a imbecilidade de dividir a empresa entre quem faz e quem pensa. Já era hora de saber: todo mundo faz e todo mundo pensa. Se a sua empresa não faz isso, vai rolar aquela reunião de entrega de Rolex pra quem tem 30 anos de casa. O cara que ganhou o Rolex, lá da produção, poderia ser do call center, é chamado a falar: - Discurso! Discurso! Encorajado pelo pleito, ele fala.
- O que eu queria dizer? Bom o que eu queria dizer é que a empresa está me dando um adorno para a única parte de mim que eu usei o tempo todo aqui. O braço. Eu tinha tantas idéias e tantas informações na minha cabeça e nunca me perguntaram ou me deixaram falar o que eu pensava. Eu queria ter ganho uma coroa!
Maravilhoso o texto !!
ResponderExcluirA surdez nas empresas acontece nas grandes e nas pequenas.
Os boicotes acontecem também nas duas, quando as pessoas não são ouvidas ou quando suas opiniões não são levadas em consideração. Isso não quer dizer que todas as idéias do pessoal da ponta devam ser executadas, mas é preciso ouvi-las,ponderá-las e dar retorno ás pessoas.
Receber retorno !! É só isso que as pessoas esperam.
Agora o que mais me intriga é por que é tão dificíl ouvir?
Uma vez li sobre o papel de um CEO e achei muito interesante
C- considerar o que ouve
E- enriquecer as idéias que ouve
O- otimizar os processos e facilitar
É isso !! Sempre falo em nossas apresentações sobre a PR, que podemos ser a boca e o ouvido dos nossos Clientes.
Levamos a estratégia a ponta e trazemos informações de como os líderes podem mudar essa estratégia sempre que for necessário
é isso Mônica.
ResponderExcluiré isso.
os caras se ensurdecem. sei lá o que acontece...
mas vamos insistindo...
é pouco mas é tudo.