sábado, 6 de novembro de 2010

Escrito de uma das pessoas que mais ama ler que eu conheço... meu filho Gustavo... Escrito do dia sobre o Facebook

Com o tempo, a frequencia de postagens entre os que pensam escrever bem
aumentou, enquanto a frequencia de postagens entre os que pensam escrever
mal só vem diminuindo.

Os que pensam escrever mal, desencorajados de seus posts pelos raros
comentários e pingados polegares de "curtir", cada vez mais se limitam a ler
os posts dos que pensam escrever bem.

Os que pensam escrever bem, notando o aumento dos comentários e polegares,
se entusiasmam e aumentam o tamanho dos posts, adicionando comentários a
seus próprios posts como se fossem novos parágrafos.

Os que pensam escrever mal cada vez mais se restringem a enviar uma nota em
ocasiões especiais, como nascimento, falecimento ou grande celebração.

Os que pensam escrevem bem escrevem cada vez mais sobre assuntos de que
dominam, notando que há outros que pensam escrever bem escrevendo tão bem
quanto eles.

Os que pensam escrever mal passam a ler com fidelidade escritores que pensam
escrever bem sobre assuntos do interesse dos que pensam escrever mal, e
começam a se referir a si como 'leitores'.

Os que pensam escrever bem, sabendo disso, procuram um nome para si, e
considerando 'escritores' pedante e óbvio, escolhem 'redatores'.

Os 'leitores' não desistem de ser vistos pelos outros leitores, e percebem
que podem ser notados nas galerias de fotos, caso sejam bonitos o
suficiente, tornando desprezível o fato de não escreverem bem.

Temendo cair para o time dos leitores, os escritores começam a procurar
ativamente assuntos do que falar, como por exemplo um redator que visita
sites de previsão do tempo, transcreve e passa a se intitular
metereologista.

Alguns leitores, agora sabendo que os redatores procuram assunto, decidem
ficar anos treinando coisas como chutar uma bola de couro, ou cantar, ou
tocar um instrumento, para ser assunto dos redatores.

Os redatores passam a dedicar todo o seu dia à cansativa tarefa de redigir,
e passam a cobrar para isso.

Os leitores esboçam uma resistência, afinal não querem pagar por um serviço
mal-organizado e, ainda por cima, sem nome.

Um redator, voltando de férias da França, propõe aos outros chamar o serviço
de "jour", para simbolizar cada dia. Outros acham meio estranho, e perguntam
como é diário em francês. O redator responde: "Journal". Os outros acham que aquilo escrito parece meio americanizado, e
batem o martelo na versão nacionalizada: "Jornal".

Agora com um nome, os leitores se sentem mais à vontade e passam a comprar
"Jornal".

Outros redatores mais exigentes pensam que o "Jornal" aborda apenas
superficialmente as informações, e criam seu próprio serviço que, segundo
ata de reunião, "passa em revista" as informações dos redatores do jornal.
Sem tempo de grandes vôos marketeiros, decidem batizar o serviço
simplesmente de "Revista".

Vários leitores assinam a ideia da "Revista".

Um redator, que outros redatores já repararam que não batia muito bem,
acreditava que todos os homens tinham em si potencial para ter tanto sucesso
quanto o Eike Batista. Esse redator, ao contrário dos homens de Jornal, era
americanófilo, e usou os melhores posts das revistas em seu "All-Man-Eike".
A primeira edição foi um fracasso, mas decolou com o abrasileiramento do
nome para "Almanaque" mesmo.

Leitores que não batiam muito bem se tornaram fieis ao "Almanaque".

O mais ambicioso dos redatores, o que tinha inclusive achado 'redator' um nome indigno para si, viu tudo aquilo e acho pouco. Muito pouco. Decidiu escrever um imenso post relatando em detalhes toda aquela
frivolidade, sem fotos ou pessoas chutando bolas. Só o post, imenso. Intitulou academicamente de "Com este eu Livro a Humanidade da Ignorância e
Obscurantismo de Redatores e Leitores".

Este documento, mesmo com o nome abreviado para "Livro", poucos leram.

Posted via email from edsaiani's posterous

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